No livro "O ABC do Ocultismo", Papus – pseudônimo do médico francês
Gerard Anaclet Vincent Encausse (1865-1916) – faz uma analogia entre a
ciência antiga e a ciência vigente. A ciência vigente da época
pós-renascentista, por se apegar a detalhes, ele chamou de "analítica e
experimental". A antiga, em vista do seu caráter holístico, ele chamou
de "sintética e filosófica":
Ciências Antigas (sintéticas e filosóficas):
Alquimia, Magia, Astrologia, Hermetismo, Cabala
Ciências Vigentes (analíticas e experimentais):
Química, Física e História Natural, Astronomia, Medicina, Matemática
Durante o período do Iluminismo (séc. XVII, aproximadamente), houve uma
cisão no conhecimento científico, originando as ciências vigentes que,
apesar de sua origem incontestável a partir das antigas, rejeitaram-nas e
estigmatizaram-nas. Entretanto, as mesmas permaneceram sob o nome de
"Ciências Ocultas". Hoje é evidente a crise nas ciências vigentes ou
atuais justamente por causa da falta de coesão entre suas incontáveis
subdivisões, permitindo o dualismo cético, além de não permitir o
entendimento do ser humano como um ser integral e integrado tanto ao
planeta Terra quanto à Consciência Una. Como sabemos, a História é tão
cíclica quanto o movimento planetário, e hoje percebemos uma cada vez
mais crescente valorização das ciências antigas promovendo a ampla
divulgação de oráculos, terapias alternativas, técnicas de
auto-conhecimento, medicina chinesa etc. A partir da valorização da
Consciência e dos Arquétipos por parte dos estudos e pesquisas do físico
Amit Goswami, a Teoria Quântica dá embasamento às ciências ocultas, já
que elas obedecem as leis herméticas e à sincronicidade.
O
"cientista antigo ou oculto" dominava ampla e profundamente os
conhecimentos de Alquimia, Magia, Astrologia, Hermetismo e Cabala para
poder ser reconhecido e conseguir investigar e resolver os problemas da
Humanidade na época, sejam eles físicos, psíquicos ou espirituais. E,
hoje em dia, além de atualizados, todos estes conhecimentos também
deveriam constar no currículo básico dos profissionais conhecidos como
astrólogos, tarólogos, terapeutas holísticos e outras derivações. Só que
não é o que acontece. A proscrição e a falta da correta formação nestas
profissões permitem uma diversidade de adivinhos e operadores de
oráculo que, na maioria das vezes, não tem noção de Astrologia e Cabala,
por exemplo, mas profetizam vários detalhes de qualquer que seja o
assunto em questão. São pessoas que já nascem com o dom natural da
mediunidade, ou da clarividência, cuja função tem pouco ou nada a ver
com os profissionais do esoterismo, que necessitam do conhecimento das
ciências antigas. Claro que todo o astrólogo, tarólogo ou cabalista vai
usar a intuição. Mas a intuição é inerente a todo o ser humano e
qualquer profissional de qualquer uma das ciências acima a utiliza nos
seus processos. Além disto, a atualização na formação dos cientistas
ocultos ou esotéricos na área do ativismo quântico faz-se mais do que
necessário, pois o colapso com a Consciência Una é objeto para um
observador que une a realidade (partícula) com a possibilidade (onda).
Este observador que queira ser um cientista esotérico-quântico deve
integrar aquilo que é mensurável com a incerteza de forma harmônica e
complementar. Por isto a importância não só dos estudos e das pesquisas,
mas também do desenvolvimento intuitivo para entendermos e intuirmos a
perfeição dos arquétipos.
Na Astrologia, Netuno representa o
arquétipo do transcendental, do inconsciente coletivo, da dimensão das
incertezas quânticas. Portanto, a localização de Netuno no momento do
nosso nascimento representa nosso potencial mediúnico ou paranormal. A
"sombra" de Netuno, o lado negativo – que alimentamos quando em fase de
escapismo, pânico, falta de discernimento que bloqueia nossa agenda
dharmica – acarreta ilusões e enganos. Daí, que as chances de um
paranormal, que utiliza exclusivamente seu poder e conexão facilitada
com o "outro lado", sem preparo ou estudo das Ciências Esotéricas,
correr o risco de falhar e, até mesmo, prejudicar seu cliente numa
consulta, são grandes.
O objetivo principal do profissional das
ciências esotéricas – esotéricas sim, já temos discernimento o
suficiente para compreender e buscar muitos e novos conhecimentos, antes
limitados a grupos "iniciados", tornando-as "ocultas" – é desenvolver o
livre arbítrio do consulente através do auto-conhecimento, conduzindo-o
a seus arquétipos pessoais e à sua agenda dharmica como bons
observadores quânticos. Que graça teria a vida se tudo fosse adivinhado
ou “líquido e certo”? Como seria nosso processo evolutivo se já
soubéssemos o que virá depois de amanhã? A orientação astrológica e a
análise tarológica promovem a essência divina do ser humano, sua
auto-confiança nas próprias decisões tomadas com base no seu Self
Quântico. Os erros e acertos são meras lições no meio do Caminho da Vida
e é com eles que vamos alcançar a independência, a inovação, o holismo e
a inteligência próprias do Novo Aeon, ou Era de Aquário.
O
investimento nos estudos do profissional das ciências esotéricas é
grande e vitalício. Nenhum cientista vigente pára de estudar ou de
pesquisar, já perceberam? Nem o astrólogo, o tarólogo e o cabalista.
Apesar de que "errar é humano", como se diz por aí e até podemos elencar
os enganos da ciência vigente, atual ou oficial, não é possível haver
erro nas previsões astrológicas. Afinal, estas previsões são, na
verdade, prevenções: são as ondas de possibilidade que o observador com
seu livre-arbítrio e percepção é hábil o suficiente para colapsar em
realidade ou prevenir com lucidez.
Humildade também é
fundamental nesta profissão. Em muitos casos, principalmente na
Astrologia, o ego do profissional tende a inflar, pois os clientes que
começam a entrar em sintonia com suas possibilidades e sua essência
devido às orientações astrológicas começam a ter uma vida mais
consciente e, consequentemente, próspera em todos os sentidos. E ele
admira o astrólogo que, baseando-se na sincronicidade entre seus
arquétipos pessoais e o movimento planetário, consegue delimitar fases
de mudança, de atrasos, de desafios, de facilidades que, do ponto de
vista do leigo, parecem adivinhações ou milagres. É apenas a dedicação a
uma ciência que, apesar de proscrita nos dias atuais, permanece viva
como uma ferramenta de conexão e auto-reconhecimento da divindade dentro
de cada um de nós.
(texto publicado originalmente em abril de 2010 no blog Novo Aeon, revisado e ampliado)