sábado, 12 de julho de 2014

As Calcáreas, Temperamentos Hipocráticos e Planetas

Dando continuidade aos meus estudos e pesquisas na área da Ciência da Homeopatia sob o olhar astrológico, apresento aqui algumas correlações que ajudarão o terapeuta e o astrólogo na identificação da similitude homeopática com as características dos temperamentos hipocráticos apuradas e representadas pela qualidade da localização e relevância planetária no mapa de nascimento do indivíduo.
Os medicamentos constitucionais da Homeopatia são tratados aqui como vetores do desenvolvimento humano ao longo de sua existência e de seus desafios miasmáticos. Percebo que existe uma enorme tendência da sociedade atual luética-fluórica de catalisar o conhecimento em algo mais superficial e instantâneo, “alopatizando” a Homeopatia e emitindo fugazes recomendações de Calcarea carbonica para emagrecer ou Calcarea phosphorica para uma pessoa com aparência frágil que está gripada. Mas a Luz Primordial e o Ativismo Quântico sempre nos convidam a sermos mais lúcidos e intuitivos, e a observar dos mais variados ângulos que a Natureza nos permite para, finalmente, promulgarmos alguma espécie de conclusão, diagnóstico ou julgamento. Conclusão esta que também deve levar em consideração o princípio hermético da vibração: “Nada está parado; tudo se move; tudo vibra.” ou da não-localidade quântica: não desejo que, ao ler este trabalho, alguém se classifique ou classifique qualquer pessoa rigidamente em qualquer das constituições ou temperamentos. Nas mais variadas vivências aqui na Terra, experienciamos inúmeras doenças em níveis espirituais, mentais, emocionais e físicos o suficiente para compor uma complexa morfogênese. A partir do mapa astrológico ou da dinâmica planetária conseguimos identificar esta complexidade e compor nossas características temperamentais, tendências e vulnerabilidades, além do potencial de cura que se inicia pelo auto-conhecimento. Mas, tudo se move, os planetas e, pela sincronicidade, nossa onda de possibilidades. Estar atento, perceptivo para as mudanças é função do observador consciente. Cura-te a ti mesmo mas, antes, conhece-te a ti mesmo.

  1. Calcarea carbonica



Temperamento: Linfático
Planetas: Lua e Netuno

O mineral:
O mineral é oriundo de um animal: trata-se do carbonato de cálcio extraído pela trituração da camada média da concha de ostras.

Similitudes e Sincronicidades:

A ostra, assim como todos os moluscos e crustáceos que dispõem de um exoesqueleto, representa a necessidade canceriana (caranguejo) de proteção pelo uso de camadas ou carapaças para se resguardar contra ameaças externas ao seu interior mole e sensível. Estas camadas externas são análogas às camadas de gordura na obesidade mórbida, por exemplo, quando a pessoa não consegue lidar com sua própria sensibilidade frente às agressões externas, ou é muito insegura e carente de afeto.
A Lua – astro regente do signo de Câncer – no nosso mapa de nascimento representa nossas necessidades, o que precisamos para nos sentirmos seguros, plenos e confortáveis. Também indica nosso potencial emocional e o quanto somos, ou não, resistentes à agressividade e a ataques psíquicos. São as pessoas de temperamento linfático, ou seja, ultra sensíveis, tomadas por pressentimentos e carentes de proteção que tendem à passividade e à imobilidade chegando à apatia: a proeminência da Lua ou de Netuno no mapa de nascimento potencializa a sensibilidade, a vulnerabilidade emocional e psíquica podendo torná-las inseguras, lentas nas atitudes e decisões. Por isto é um medicamento voltado às instabilidades típicas do temperamento linfático – as defesas do organismo estarão vulneráveis quando o corpo emocional e mental é vulnerável a pressentimentos, medos e à angústia que ameaçam seu constante estado de precaução e prevenção. Em resumo, são indivíduos altamente vulneráveis às doenças psicossomáticas.
Indivíduos de constituição carbônica ou temperamento lifático devem ser analisados e astrodiagnosticados a partir de sua infância, principalmente mediante sua relação com a figura materna que também é representada pela localização e aspectos da Lua no seu mapa natal. Mitologicamente, a maternidade e a proteção são arquétipos relacionados à deusa Ceres ou Deméter – deusa grego-romana da fertilidade, maternidade e agricultura. Sua filha, Perséfone, foi raptada pelo deus dos infernos, Hades ou Plutão, arquétipo planetário correlacionado ao miasma do luetismo, que destruiu o paraíso da abundância e proteção de mãe e filha. Isto fez com que Ceres, em sua melancolia por causa das saudades que sentia, retirasse os nutrientes e a fertilidade dos campos condenando a Humanidade à fome. Após a intervenção de Hermes ou Mercúrio, deus racional e articulador, Perséfone divide seu amor e dedicação à mãe e ao marido Hades de forma equilibrada e salva a Humanidade que deve cultivar e produzir no período da primavera/verão quando Perséfone faz companhia à deusa-mãe; e se precaver com segurança para o período do outono/inverno, quando Perséfone volta às profundezas para ficar com o marido.

  1. Calcarea phosphorica
Temperamentos: Sanguíneo, Bilioso e Nervoso.
Planetas: Sol, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano.

O mineral:
Trata-se de um sal abundante na Natureza, parte integrante dos tecidos e de todos os líquidos no nosso organismo, pois sua função está intimamente ligada à Vida: combina-se com a albumina (“essência da quintessência”) e participa da dinâmica da produção sanguínea pela medula óssea. Por isto é uma substância que provê estrutura e mobilidade.

Similitudes e Sincronicidades:

O dinamismo do Phosphorus (a estrela matutina, Vênus, aquele que traz a luz) pode ser equiparado aos dos mitológicos Prometeu e Lúcifer. Ambos tiveram a função de iluminar a Humanidade, seja através do fogo (Prometeu) ou pelo conhecimento do bem e do mal (Lúcifer), porém ambos tiveram seu castigo por compartilhar segredos reservados apenas aos deuses. Prometeu foi condenado ao sofrimento eterno acorrentado a uma colina onde, todas as noites, recebia a visita de uma águia que devorava seu fígado, mas sua imortalidade tornava a reconstituir o órgão todos os dias. Lúcifer foi despejado do céu e acabou sendo conhecido como o “anjo caído” por se equiparar ou, até mesmo, sobrepujar o divino.
As pessoas cujo biótipo é fosfórico são comumente longilíneas, altas na tentativa de alcançar o divino ou o paraíso perdido. São também sonhadoras e constantemente insatisfeitas em seu desequilíbrio, pois sentem que perderam algo, que está faltando alguma coisa, mas não conseguem racionalizar o que é.
A Luz ou o Conhecimento Supramental representam a mente consciente e a inteligência trazidas para a Humanidade pelos deuses rebeldes, mas criativos e representados pelo planeta da liberdade, fraternidade e igualdade – Urano. Entretanto, esta expansão mental acabou provocando um sintoma colateral: a dualidade, a contradição, enfim, as dúvidas. Viver no mundo linfático-carbônico até então exigia apenas proteção e nutrição. O mundo mental acaba tornando-se escravo das dualidades e contradições, além de inúmeras torturas mentais decorrentes que dividiram nosso mundo entre Bem X Mal; Ciência X Religião nos afastando cada vez mais de nossa essência espiritual. Este foi o castigo compartilhado por Prometeu e Lúcifer conosco, mas que estimula-nos ao retorno à Unidade.
A fraqueza ou a vulnerabilidade dos tipos fosfóricos residem na dualidade provocada pelo excesso de racionalidade e, frente a qualquer reprovação ou contradição, eles tendem a reações extremas: ou se tornam agressivos, violentos no caso dos biliosos que têm ênfase do Sol e Marte no seu mapa natal; ou acabam se tornando vítimas da bipolaridade depressão / euforia como seria o caso dos temperamentos sanguíneos cujos exageros e excessos estão relacionados à localização e, principalmente, aspectos de seu Júpiter natal. O temperamento nervoso tende quase que totalmente à depressão em estado de desequilíbrio e excesso de racionalização até chegar ao embotamento mental ou deflagrar a demência senil, o que é bem identificável analisando-se aspectos e signos onde estão localizados os planetas Saturno e Mercúrio.
Outra característica dos fosfóricos extremamente racionais é a dificuldade nos relacionamentos amorosos, explicado também por Carl G. Jung em sua classificação bastante semelhante a de Hipócrates: segundo o psicólogo suíço, pessoas que tem versatilidade e predominância no uso da função Pensamento acabam enfrentando dificuldades no uso da função Sentimento. Vênus no mapa natal revela exatamente o potencial de expressão afetiva, de formas e possibilidades de relacionamento, da conexão com o “outro” e, dependendo do signo e de aspectos a este planeta, o indivíduo pode se magoar facilmente ou repetir padrões até decepcionar-se e isolar-se gradativamente.
Por isto que a Calcarea phosphorica, além de ser considerada “onipresente” na Natureza, serve como uma espécie de tônico especialmente para os tipos fosfóricos de temperamento nervoso. Entretanto, todos os fosfóricos tendem a necessitar deste precioso tônico vez por outra pois, além de fisicamente crescerem com rapidez e na vertical, desgastam fácil e rapidamente sua energia vital, e querem voltar ao Paraíso ou à Unidade para resolver suas dualidades e conflitos internos fazendo as pazes com seus deuses internos. A Calcarea phosphorica está presente onde nós precisamos de estrutura e organização seja nas construções mentais para a formação de opiniões para sabermos lidar com as contradições e reprovações normais da vida, seja nas estruturas físicas como reestruturadora do sistema ósseo.

  1. Calcarea fluorica
Temperamentos: Bilioso e Nervoso.
Planetas: Sol, Mercúrio, Marte, Saturno, Urano e Plutão.

O mineral:
Em estado natural, o “fluor spar” encontra-se em locais profundos da crosta terrestre, mas no nosso organismo localiza-se em superfícies como o esmalte dos dentes, o tecido fibroso e a epiderme.

Similitudes e Sincronicidades:

Os extremos da localização da substância – profundezas ou superfícies – demonstram o desafio do indivíduo fluórico: adaptar a superficialidade das aparências e máscaras com a profundidade do inconsciente e da verdadeira personalidade. São pessoas que geralmente nascem com alguma peculiaridade física, algo diferente – Urano em evidência no mapa natal – que pode ser visto como desarmônico, assimétrico e, por causa destas peculiaridades, são celebrados com apelidos (cabeção, saracura, shrek etc). Eles precisam sair da submissão e servidão às aparências, aos padrões, valores transitórios, falsos protótipos vigentes e símbolos de sucesso e realização como beleza física, riqueza material, poder e status e partirem para o aprofundamento do seu potencial intelectual e intuitivo para conectarem-se com seu verdadeiro self quântico. Assim, eles se adaptam ao mundo, ao invés de enrijecerem fisica e mentalmente pelo temor, resistência e pessimismo – situações mal contempladas em casos de aspectos dificultosos entre Saturno-Sol; Saturno-Mercúrio; Saturno-Marte – que podem desencadear reações auto-destrutivas como aneurismas, nódulos ou tumores pela tentativa controle extremo, que não funciona por aspectos de Plutão, cujo arquétipo pessoal é muito mal compreendido e se transforma no destruidor ao invés do transformador e curador. O “olhar para dentro” faz dos fluóricos verdadeiros sábios práticos e experientes destinados ao sucesso e à realização mais coerente com seu potencial criativo, utilizando seu intelecto supramental.

Bibliografia:
”O Universo Astrológico dos Quatro Elementos”, André Barbault, Ed. Espaço do Céu
”Retalhos Homeopáticos – Volume I”, Eliete M.M. Fagundes, Ed. EHH
”Homeopatia Metafísica Repertorizada – Vol 2” José Alberto Moreno, Ed. EHH
”Matéria Médica Homeopática Interpretada”, Carlos Brunini e Mario Sergio Giorgi, Robe Editorial

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