terça-feira, 15 de julho de 2014

JÚPITER EM LEÃO : A EXPANSÃO DAS POSSIBILIDADES DO HERÓI

Amanhã de manhã (16/7/2014 às 8:30 – horário de Brasília), Júpiter encerra sua rápida jornada de um ano pelo signo de Câncer e inicia um novo ciclo por Leão. Esta combinação me lembra o primeiro trabalho de Hércules e sua relação com seu pai Zeus/Júpiter e com Quíron, o centauro responsável pela sua educação e treinamento. Os doze trabalhos de Hércules foram desafios impostos por Hera/Juno, esposa de Zeus que, enciumada porque Hércules era fruto de uma das paixões extraconjugais do marido, além do evidente favoritismo e amor demonstrados por ele ao semi-deus bastardo, resolveu armar uma armadilha em forma de 12 tarefas heróicas. No primeiro destes trabalhos, Hércules tem que aniquilar um poderoso leão que estava dizimando a aldeia de Neméia. Os agrados do pai e as práticas de seu mestre Quíron apenas serviram para inflar o seu ego, até então. Extremamente confiante, com suas armas e sua pompa de semi-deus, marchou até a caverna onde vivia o leão. Após várias tentativas, Hércules foi reduzido a várias escoriações, derrotas e feridas egóicas. Todas as suas armas foram destruídas. Despojado de seu ego, suas máscaras e armas, ele não teve outra alternativa a não ser enfrentar o leão de igual para igual. Feito isto, olhando nos olhos da fera, ela começou a perder a força até Hércules derrotá-la e utilizar sua pele indestrutível como proteção nos outros trabalhos. Ao finalizar a tarefa, o herói já não era mais o mesmo. Percebeu que o orgulho e a prepotência são facilmente destruídos quando estão diante de poderes maiores e mais determinados. Além disto, seu mestre Quíron o advertiu: “Existem vários leões a serem derrotados durante toda a vida.”
 

Os ciclos de Júpiter e Saturno pelo nosso mapa natal representam os movimentos cósmicos de expansão e contração, assim como os movimentos vitais do coração, diástole e sístole. Como observadores harmonizados com estes movimentos que unem o macro com o microcosmo, vamos compreender e aproveitar o máximo da onda de possibilidades neste ciclo de expansão jupiteriana sob o signo de Leão?

A tarefa hercúlea descrita acima é a mais comum e evidente representação arquetípica do que está por vir. Ao nos despojarmos do ego e de seus adereços simbólicos, assumimos o controle do nosso “leão original”. Assim como o rei da selva e, como signo cujo regente é a estrela central do nosso sistema, nosso leão original ou essencial é um herói que precisa de reconhecimento, aplausos, reverências e amor. Se vivenciarmos apenas o limbo egóico de Hércules, o leão se torna a sombra que sempre nos derrotará, não o self salvador e vitorioso que merece e deve ser reconhecido e reverenciado como nosso líder e deus interno.
 
Outro mito leonino muito interessante de se observar é o de Parcifal, um menino que ansiava se tornar cavaleiro já que não tinha o referencial masculino e solar em casa – foi criado pela mãe que temia que Parsifal sofresse o mesmo destino do pai e dos irmãos, cavaleiros sacrificados. Mas de nada adiantou as súplicas maternas e lá se foi o outro herói se aventurar sem o apoio de um pai ou de um mestre como no caso de Hércules. Por isto que, diante do Santo Graal que, para uns tratava-se do cálice sagrado e, para outros, da Pedra Filosofal, Parsifal sentiu-se inseguro de fazer a pergunta ao rei moribundo e guardião do Graal: “A quem pertence o Santo Graal?”. Diante de suas dúvidas e inseguranças, aquele reino continuaria estéril e o Santo Graal no ostracismo por mais vinte anos até que Parsival finalmente fizesse a pergunta e libertasse o rei do sofrimento e o reino da ruína. Esta é a outra sombra que desafia a realização do self individual: o conjunto de medos e a insegurança decorrente que acarretam as más escolhas não sintonizadas com a Vontade Suprema do Eu Superior. A ousadia do auto-conhecimento é a pergunta mais profunda que todos devemos fazer: “Quem Sou Eu?” ou “Qual é o meu Santo Graal?”. Assim, unimos os paradoxos do semi-deus coberto de máscaras com o menino curioso, mas sem iniciação para o caminho, nem propósito.
 
Os mitos e seus subsequentes paradigmas arquetípicos tornam o conhecimento astrológico rico e inteligível nos mais diversos níveis desde a compreensão lógica e racional até a percepção subjetiva simbólica. Observar os ciclos astrológicos é transformar estes potenciais em colapsos quânticos e, no caso de Júpiter em Leão realizamos um profundo reconhecimento do nosso herói interno, sendo ele um Hércules ou um Parcifal. Dinamizar estes potenciais, ou seja, partir do colapso para o salto quântico demanda práticas mágicas ou alquímicas que podemos encontrar no caminho cabalístico da Força na Árvore da Vida. Como caminho criativo e evolutivo, ele une as esferas da Ação e da Realização traduzindo o equilíbrio entre as atitudes e decisões que podem reverter em resultados expansivos e poderosos. O arcano da Força representando este caminho é a união da nossa capacidade instintiva ou kundalínica com a sabedoria divina. Por isto ela equilibra duas forças planetárias como Marte (Ação) e Júpiter(Realização) que, se não conectadas com nosso Graal tendem ao caos e à auto-destruição. A magia alquímica trata de revelar nosso “aurum nobilis”, o brilho da nossa alma e cultivar os verdadeiros propósitos deste herói munido dos paradigmas elevados e centrados na ação e realização de um rei curado, magnânimo e abundante em sua criatividade.
 
Júpiter transitará por Leão até agosto de 2015 e, ao longo deste tempo, irá criar possibilidades evolutivas para outros signos e respectivos astros ali localizados, em especial os astros pessoais (Lua, Sol, Mercúrio, Vênus e Marte), Ascendente e Meio-do-Céu.
 
Os signos do elemento Fogo (Áries, Leão e Sagitário) serão os que mais perceberão sua força expansiva e energética, e os portais da sabedoria dos novos paradigmas serão sinalizados com oportunidades de crescimento e de auto-confiança.
 
Em seguinda, os signos do elemento Ar – Gêmeos e Libra – poderão aproveitar o impulso criativo disponível nas suas ideias e relacionamentos. Aquário, Touro e Escorpião serão desafiados no seu auto-controle e, unidos à centralização e entusiasmo de Leão, poderão se deparar com o enigma de sua “esfinge pessoal”. Regularmente, terão que enfrentar seus leões devoradores internos para permanecer no equilíbrio entre a ação e a realização, sem exageros ou compulsões.

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