Amanhã de manhã (16/7/2014 às 8:30 – horário de Brasília), Júpiter encerra
sua rápida jornada de um ano pelo signo de Câncer e inicia um novo ciclo por
Leão. Esta combinação me lembra o primeiro trabalho de Hércules e sua relação
com seu pai Zeus/Júpiter e com Quíron, o centauro responsável pela sua educação
e treinamento. Os doze trabalhos de Hércules foram desafios impostos por
Hera/Juno, esposa de Zeus que, enciumada porque Hércules era fruto de uma das
paixões extraconjugais do marido, além do evidente favoritismo e amor
demonstrados por ele ao semi-deus bastardo, resolveu armar uma armadilha em
forma de 12 tarefas heróicas. No primeiro destes trabalhos, Hércules tem que
aniquilar um poderoso leão que estava dizimando a aldeia de Neméia. Os agrados
do pai e as práticas de seu mestre Quíron apenas serviram para inflar o seu ego,
até então. Extremamente confiante, com suas armas e sua pompa de semi-deus,
marchou até a caverna onde vivia o leão. Após várias tentativas, Hércules foi
reduzido a várias escoriações, derrotas e feridas egóicas. Todas as suas armas
foram destruídas. Despojado de seu ego, suas máscaras e armas, ele não teve
outra alternativa a não ser enfrentar o leão de igual para igual. Feito isto,
olhando nos olhos da fera, ela começou a perder a força até Hércules derrotá-la
e utilizar sua pele indestrutível como proteção nos outros trabalhos. Ao
finalizar a tarefa, o herói já não era mais o mesmo. Percebeu que o orgulho e a
prepotência são facilmente destruídos quando estão diante de poderes maiores e
mais determinados. Além disto, seu mestre Quíron o advertiu: “Existem vários
leões a serem derrotados durante toda a vida.”
Os ciclos de Júpiter e Saturno pelo nosso mapa natal representam os
movimentos cósmicos de expansão e contração, assim como os movimentos vitais do
coração, diástole e sístole. Como observadores harmonizados com estes movimentos
que unem o macro com o microcosmo, vamos compreender e aproveitar o máximo da
onda de possibilidades neste ciclo de expansão jupiteriana sob o signo de
Leão?
A tarefa hercúlea descrita acima é a mais comum e evidente representação
arquetípica do que está por vir. Ao nos despojarmos do ego e de seus adereços
simbólicos, assumimos o controle do nosso “leão original”. Assim como o rei da
selva e, como signo cujo regente é a estrela central do nosso sistema, nosso
leão original ou essencial é um herói que precisa de reconhecimento, aplausos,
reverências e amor. Se vivenciarmos apenas o limbo egóico de Hércules, o leão se
torna a sombra que sempre nos derrotará, não o self salvador e vitorioso que
merece e deve ser reconhecido e reverenciado como nosso líder e deus
interno.
Outro mito leonino muito interessante de se observar é o de Parcifal, um
menino que ansiava se tornar cavaleiro já que não tinha o referencial masculino
e solar em casa – foi criado pela mãe que temia que Parsifal sofresse o mesmo
destino do pai e dos irmãos, cavaleiros sacrificados. Mas de nada adiantou as
súplicas maternas e lá se foi o outro herói se aventurar sem o apoio de um pai
ou de um mestre como no caso de Hércules. Por isto que, diante do Santo Graal
que, para uns tratava-se do cálice sagrado e, para outros, da Pedra Filosofal,
Parsifal sentiu-se inseguro de fazer a pergunta ao rei moribundo e guardião do
Graal: “A quem pertence o Santo Graal?”. Diante de suas dúvidas e inseguranças,
aquele reino continuaria estéril e o Santo Graal no ostracismo por mais vinte
anos até que Parsival finalmente fizesse a pergunta e libertasse o rei do
sofrimento e o reino da ruína. Esta é a outra sombra que desafia a realização do
self individual: o conjunto de medos e a insegurança decorrente que acarretam as
más escolhas não sintonizadas com a Vontade Suprema do Eu Superior. A ousadia do
auto-conhecimento é a pergunta mais profunda que todos devemos fazer: “Quem Sou
Eu?” ou “Qual é o meu Santo Graal?”. Assim, unimos os paradoxos do semi-deus
coberto de máscaras com o menino curioso, mas sem iniciação para o caminho, nem
propósito.
Os mitos e seus subsequentes paradigmas arquetípicos tornam o conhecimento
astrológico rico e inteligível nos mais diversos níveis desde a compreensão
lógica e racional até a percepção subjetiva simbólica. Observar os ciclos
astrológicos é transformar estes potenciais em colapsos quânticos e, no caso de
Júpiter em Leão realizamos um profundo reconhecimento do nosso herói interno,
sendo ele um Hércules ou um Parcifal. Dinamizar estes potenciais, ou seja,
partir do colapso para o salto quântico demanda práticas mágicas ou alquímicas
que podemos encontrar no caminho cabalístico da Força na Árvore da Vida. Como
caminho criativo e evolutivo, ele une as esferas da Ação e da Realização
traduzindo o equilíbrio entre as atitudes e decisões que podem reverter em
resultados expansivos e poderosos. O arcano da Força representando este caminho
é a união da nossa capacidade instintiva ou kundalínica com a sabedoria divina.
Por isto ela equilibra duas forças planetárias como Marte (Ação) e
Júpiter(Realização) que, se não conectadas com nosso Graal tendem ao caos e à
auto-destruição. A magia alquímica trata de revelar nosso “aurum nobilis”, o
brilho da nossa alma e cultivar os verdadeiros propósitos deste herói munido dos
paradigmas elevados e centrados na ação e realização de um rei curado, magnânimo
e abundante em sua criatividade.
Júpiter transitará por Leão até agosto de 2015 e, ao longo deste tempo, irá
criar possibilidades evolutivas para outros signos e respectivos astros ali
localizados, em especial os astros pessoais (Lua, Sol, Mercúrio, Vênus e Marte),
Ascendente e Meio-do-Céu.
Os signos do elemento Fogo (Áries, Leão e Sagitário) serão os que mais
perceberão sua força expansiva e energética, e os portais da sabedoria dos novos
paradigmas serão sinalizados com oportunidades de crescimento e de
auto-confiança.
Em seguinda, os signos do elemento Ar – Gêmeos e Libra – poderão aproveitar
o impulso criativo disponível nas suas ideias e relacionamentos. Aquário, Touro
e Escorpião serão desafiados no seu auto-controle e, unidos à centralização e
entusiasmo de Leão, poderão se deparar com o enigma de sua “esfinge pessoal”.
Regularmente, terão que enfrentar seus leões devoradores internos para
permanecer no equilíbrio entre a ação e a realização, sem exageros ou
compulsões.
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